janeiro 28, 2016


MEDIOCRIDADE

Caminha louca procurando vítimas, milhares de seguidores.
Fanatismo,
Seitas,
Promiscuidade,
Droga,
Corroí todas as classes sociais,
Mal universal,
Efeito estufa,
Atormenta almas,
Vive de mentiras,
Alimenta egos,
Demônio de uma civilização,
Provoca o suicídio,
Enfatiza o consumismo,
Besta fera, deixa tudo como está!
Mata animais indefesos em nome da tradição
Produz serial Killers
Algoz da juventude,
Produz massa de irracionais,
Pensamentos iguais,
Robôs uniformizados,
Moda decrépita,
Alicia crianças,
Fomenta massas de desvalidos,
Aglutina mentes,
Traz para fora o egoísmo,
Vive da inveja,
Produz miséria,
Isola os diferentes,
Impede pensamentos contrários,
Mata, rouba,
Produz psicopatas,
Caminha com ouro, mas descontentes,
Insatisfação,
Vazio,
Medo de perder a vez,
Sepulcro,
Genocídio,
Assassina as artes,
Riem um dos outros,
Das próprias misérias,
Aplaude os corruptos,
Amam seus algozes,
Recusam idéias novas,
Preferem sempre as portas abertas,
Nunca abrem as fechadas,
Seguem sempre a multidão,
nunca vão pelas margens,
Sim, Sim, Não, Não
Esquecem Gandhi, Sócrates, Nietzsche, Machado, Pessoa, Freud, Mielenhausen, Plínio Marcos, Lorca, Buda….
Lembram -se carros, roupas, relógios, propriedades, superficialidade, jóias
Não, não mexam em nada!
Deixem tudo como está,
Para não perder o título de homem de bem.
Meu asco mais profundo a todos os medíocres.


Texto de CLAUDIA CANTO

janeiro 17, 2016


SUMMER

Last summer, two discrete young snakes left their skin
on my small porch, two mornings in a row. Being

postmodern now, I pretended as if I did not see
them, nor understand what I knew to be circling

inside me. Instead, every hour I told my son
to stop with his incessant back-chat. I peeled

a banana. And cursed God—His arrogance,
His gall—to still expect our devotion

after creating love. And mosquitoes. I showed
my son the papery dead skins so he could

know, too, what it feels like when something shows up
at your door—twice—telling you what you already know.

Robin Coste Lewis


VERÃO

No ultimo verão, duas cobras deixaram suas peles
na minha varanda, por duas manhãs seguidas. Sendo

agora pós-moderna, eu fingi que nem as tinha visto,
nem quis entender o que sabia estar revolvendo

por dentro. Contudo, toda hora dizia ao meu filho
para que parasse de tagarelar. Enquanto descascava

uma banana. E amaldiçoava Deus—Sua arrogância,
Sua fealdade—por ainda esperar a nossa devoção

após ter criado o amor. E os mosquitos. Eu mostrei
ao meu filho as peles tal papel seco para que entendesse

 como uma coisa, em conluio, se apresenta à sua porta
ao insistir—duplamente—em exibir o que já sabíamos .

Robin Coste Lewis


Tradução / translation: Beto Palaio
Ilustração: deusa minoica das cobras / Minoan goddess of the snakes