Dance, dance, dance...
Dance, dance mesmo assim...
Dance pelos momentos fugazes que nunca mais se repetirão...
Dance pelo botão de rosa, promessa de nova vida...
Dance pelos meninos e meninas de rua, que só conhecem a desesperança...
Dance pelos sentimentos tardios, que nunca deram em nada...
Dance pelos arrependimentos, que sufocam o pecado saudável...
Dance pelo arco-íris, o coveiro da chuva de verão...
Dance pelo amor eterno, aquele que um dia sempre acaba...
Dance pelo primeiro beijo, que reduz o infinito a um segundo...
Dance pelo vestido da Marilyn Monroe, outrora tão recheado da dona...
Dance pelo final de Casablanca, o início de tantas amizades...
Dance pela fabrica da Studebaker, que faliu em 1966...
Dance pela tinta zarcão, que esconde a implacável ferrugem...
Dance pelo anjo-da-guarda, o discreto e bom conselheiro.
Dance pelo sistema plantation, que vai desertificar a Amazônia...
Dance pelo instante do orgasmo, que foi, é ou um dia será...
Dance por você, pensando numa salsa cubana...
Dance pela humanidade, pensando num merengue paraense...
Dance pelos inviáveis, num samba quadradinho e sincopado...
Dance uma valsa vienense, pelo sucesso do seu vizinho...
Dance, dance mesmo assim: pelo teu último sonho, pela próxima notícia,
pelo sol que brilha na praia ou por uma vida nova e repleta de oportunidades...
Dance pelo que você jurou que seria e que ainda pode ser, pois tudo
só depende de sua dança...
(Beto Palaio)