outubro 06, 2014




1
● na hora da violenta floração ●
● das rubras damas da noite ●
● em tempos duros como esse ●
● é possível ouvir e repetir ●
● “calma calma meu porquinho” ●
● sentindo o peso disso tudo ●
● “basta os pardais aos cães” ●
● sussurra como se gritasse ●
● e ainda assim eis a treva ●
● triturando todos os ossinhos ●
● entre aqueles dentes de gato ●
● lambe os beiços e quer mais ●
● agora o silencio da fome ●
● essa coisa sempre acesa ●
● a flor a flor a flor a flora ●
2
● na hora da violenta floração ●
● esse tremor essa voragem ●
● o q não se ergue do chão ●
● entre muros e minas de sal ●
● o fio afiado e a distancia ●
● essa q não cessa e aperta ●
● so o q roi e rasga a pele ●
● a pele a pele e vem o sangue ●
● “é logo logo meu porquinho” ●
● depois será bem o de sempre ●
● quem apurar os ouvidos ●
● escutara esse tremor ●
● “num segundo meu porquinho” ●
● depois só as damas da noite ●
● a flor a flor a flor a flora ●

ALBERTO LINS CALDAS

Imagem: pétala de rosa ao microscópio.

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