julho 27, 2014


ARQUEOLOGIAS COM LADY LÁZARO


Lady Lázaro=Eu o fiz de novoUm ano em cada dezEu agüentoUm tipo de milagre ambulante, minha peleBrilhante tal qual um abajur nazistaMeu pé direitoUm peso de papel,Minha face, como um pano inexpressivo, delicadoEm linho judeu.Tire o lençoÓ, meu inimigoEu te assusto?O nariz, o orifício ocular, a dentição plena?O hálito azedoSe esvairá em um dia.Logo, logo a carneQue a gruta do túmulo comeu se sentiráEm casa sobre mimE eu, uma mulher sorridente.Eu, com apenas trinta anos.E como o gato tenho nove vezes para morrerEsta é o número três.Que lixoAniquilar a cada década.Que milhões de filamentos.A multidão vulgarSe acotovela para verEles me desembrulharem mão e pé.O grande strip tease Senhores, senhorasEis as minhas mãosEis os meus joelhos.Posso ser pele e ossoContudo, sou a mesma, idêntica mulher.Na primeira vez que aconteceu eu tinha dez anos.Foi um acidente.Na segunda vez eu pretendiAgüentar e nem sequer voltar.Eu fechei em pedraComo uma concha do mar.Eles tiveram que chamar e chamarE arrancar de mim os vermes, pérolas grudentas.MorrerÉ uma arte como todo o resto.Eu o faço excepcionalmente bem.Eu o faço para saber o inferno.Eu o faço para saber a real.Eu suponho que se possa dizer que eu tenho um chamado.É fácil fazê-lo em uma cela.É fácil fazê-lo e permanecer estático.É o teátricoRetorno, em plena luz do diaAo mesmo lugar, ao mesmo rosto, aos mesmos brutosEntretidos gritando“um milagre!”Isso me estarrece.Há um custoPara ver as minhas cicatrizes, há um custoPara sentir o meu coraçãoEle realmente pulsa.E há um custo, um grande custoPor uma palavra, ou um toqueOu um pouco de sangueOu um pedaço do meu cabelo ou um pedaço da minha roupa.Então, então, Herr Doktor.Então, Herr Inimigo.Eu sou sua composiçãoEu sou seu pertenceO bebê de ouro puroQue derrete a um grito estridente.Eu me viro e ardo.Não pense que eu subestimo sua grande preocupação.Cinzas, cinzasVocê cutuca e revolve.Carne, osso, não há nada lá.Um sabonete,Uma aliança,Um dente de ouro.Herr Deus, Herr LúciferCuidadoCuidado.De dentro das cinzasEu desponto, meu cabelo em fogoE devoro homens como ar.=Sylvia Plath


whiplashgirlchild:  My two favorite stanzas from Sylvia Plath’s poem “Lady Lazarus.” This is a picture I took of Plath’s original manuscript of the poem.

Aqui a diagramação sugere um conto extremado. Mas Lady Lázaro é um poema que foi escrito por Sylvia Plath em 1966

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