ABÃNEEGA PITUBA XERÉM, DISSE COBRA NORATO
(Parte 4)
De saia branca costumeira, Miss Toranja viajou
sob o sol que parou para olhar. Tatibitates de bronzeados para ela. Com seu
jeitinho tão faceiro. Ela fugiu do mole da ostra de Brasília. No entanto a
atmosfera de Belém do Pará estava mais para enxaquecas. Num borogodó de
cinzeiro lotado. Mistura fina hollywood minister. Cigarreiras chiavam no peito
de Tengo-Tengo. Ele tinha deixado de fumar em Itaboraí. Pegou de novo o maldito
vício em Belo Horizonte. Mas ele é um hombre sincero de donde cresce la palma. Neste
lugar de origem humilde. Pernaltas movem-se devagar, miritis abrem os grandes
leques preguiçosos, e sapos coaxam com vigor. À cá. Guantanameras choram do
fastio de uma amarração de piaçavas sem limites. Lânguidas e produzidas elas
vestem prados. Às aquarelas de verdes claros e de carmins afogueados. Ao desabar
a chuva tropical, Chico Pedro, o vento, cantou nas quilhas dos barcos de pesca.
Norato atola-se em um lero-lero de lama governamental, de onde sai sem um pingo
de lodo no seu terno branco. Em Maio, mês das noivas, lindo é o sol a raiar, à
noitinha o canto mavioso dos uirapurus. Foi quando para Cobra Norato surge a luxuosa
ajuda de um irrequieto tamanduá-bandeira, o qual ele logo transforma em
Tengo-Tengo, aquele que depois se tornará o seu melhor companheiro de viagem.
Suprime-se um perdôo de descansar. Ambos, Norato e Tengo-Tengo, tomaram um ita
no norte. Rumo pernambuco, rio, bahia.
Depois aportaram em Recife. Indo, navegando e temperando, Rio Jaguaribe
adentro. Quem te pintou, mar no perder-se vai, invernos das sístoles na
hemoglobina, esse é todo plasma de tudo, o que o Jaguaribe pode ser. Nesta
terra de sobejos, ambos se eternizam na coronelança. Sobre toda casa grande e
senzalas Cobra Norato aprecia bolo de rolo. Tal o afamado mineirinho. Come
quieto duas ou três negrinhas da cozinha da casa grande. Tempo de fincar
raízes. Cinco agentes do fisco comungam com animais que ali pastam. O branco e o
negro a trabalhar e o dono, senhor de tudo, sentado mandando dar chibatadas.
Finalmente. Orelhas em prontidão. Quando o bufo do freio do Mercedão chama
pelos ornamentados. Norato e Tengo-Tengo estão doidos de dar com o nó dos dedos
na madeira. Hoje o coração ardente pede por aguardente. Tatu na embalagem de
Tatuzinho sorri da felicidade distribuída em silêncio nos bares e botecos
espalhados de norte a sul do Brasil. Um corsário parte de Pernambuco rumo ao
miolo do sertão de Ingazeira, acolá a esperar, areia grossa e areia fina. Assim
que o ônibus da Cometa parte definitivamente para o interior abafado da
caatinga, a noite já está—dis is forr-ó féla?—flechando em direção ao Oeste enquanto,
dentro daquele ônibus, tal sal no saleiro, estão Cobra Norato e Tengo-Tengo.
Beto Palaio
Edição em 5 partes.
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