Com a mole argila Do quintal dos fundos Fiz a Copa do Mundo
With the soft clay I took in the backyard I crafted the World Cup
(Beto Palaio)
Pequeno estudante Fecha livros um momento – besouro na vidraça.
Small student Closes book a moment – beetle in the window
(Marilia Kubota)
uni duni tê, salamê minguê e pensar que o escolhido foi você
Einie beanie, Bob Saleenie and just to think that you were my genie
(Nydia Bonetti)
Cross your ankles Sit up straight and behave Like a young lady
Cruze as pernas Sente direito e comporte-se Como uma mocinha
(Jodi MacArthur)
Plaid skirts, white shirts, we Girls in uniform remain Individuals
Saias plissadas, blusas brancas, nós Meninas em uniformes continuamos Muito individuais
(Kristin Fouquet)
marbles in sand hopscotch in chalk recess begins
bola de gude na areia amarelinha com giz as férias chegaram
(Maryse Dumas)
Vibram no início Logo deixam de ser eles No fim, mortos-vivos
Vibration at beginning Soon they no longer exist At the end, zombies
(Neuzza Pinhero)
Another seed on the wall breaking bricks fields forever
Outra semente na parede quebrando tijolos campos para sempre
(Ines Lempek)
If only I had a pair of white wings young escape artist
Queria ter tido um par de asas branquinhas jovem artista sonhadora
(Grace Andreacchi)
day lilies rim the yard so much missed, so much lost
Lírios contornam o quintal Tanto que se perdeu Tantos que se perderam
(Melanie Bishop)
aprendi mais no recreio contar e ler foi secundário
class intervals was for sure to count and to read I learned at second grade
(dade amorim)
Olhos plenos de céu E as coisas que eu aprendia nasceu um poema
Eyes full of skies And the things I learned a poem is born
( Andrea Cristina)
Da pedra bruta, Um brinquedo novo Toda uma tarde
At touch stone A new amusement All afternoon
(Luiza Castro)
Ciranda de roda a música não lembro só quis segurar-lhe a mão.
Merry go round The music I don’t remember But want to hold your hand
(Lara Amaral)
It's a precious thing to re- discover curiosity Still behind every decision
É bom demais re- expor nossa curiosidade Ainda viva nas escolhas
(Epiphanie Bloom)
in a barrel of fire, i burned toads alive, their cries meant nothing then
num barril em chamas, eu queimava rãs vivas, seus gritos nunca me afligiam
(Aleathia Drehmer)
tempos de escola aprendendo ciências mas nada da vida
school days learning sciences but nothing on life
(Betty Vern)
No recreio aprendi o que gosto, no que creio e merenda preferida, o meu recheio.
Learned in the playground what I like, what I believe and favorite meals, my filling.
(Jane Chiesse)
maio 24, 2010
A noite estrelada (Starry Night) – Van Gogh - 1888
Vagalumes em casa Lâmpadas fluorescentes Alumiam menos
Fireflies at home Fluorescent lamps Illuminate less
(Marilia Kubota)
Quetzalcoatl canta Amuletos de madrepérola Um Mojo bordado julga
Quetzalcoatl sings Mother-of-pearl amulets A woven Mojo judges
(Beto Palaio)
Breathe in their dance Malady of peace and chaos Starry Night serenade
Suspiro em sua dança Moléstia de paz e caos Canto da Noite Estrelada
(Jodi MacArthur)
Ocean of stars caught in the sleeping mermaid’s hair
Oceano de estrelas capturados no sono cabelos de sereia
(Grace Andreacchi)
florescem árvores de lanternas no meu jardim
flowering lantern’s tree in my garden
( Nydia Bonetti)
suas letras brilham e ofuscam, vaga, lumes...
his writing shine and obscure, vague, lights…
( Joe_Brazuca)
Infinitude em candeia Serpentes auriazuis no lusco-fusco da aldeia...
Perpetuity on lamp Gold n´ blue snakes over twilight in the parish...
(Lilly Falcão)
Stir me from a dream to be awake, not asleep beautiful nocturne
Mova-me de um sonho para ficar acordada, bem desperta Maravilhoso noturno
(Kristin Fouquet)
vejo a lua amarela os azuis serpenteiam à sua volta abaixo a cidade adormece
I see the yellow moon blues meander around below the city sleeps
(Daniela Baitala K)
midnight blue punctured by the breath of god on his two final heartbeats
azul da meia-noite perfurado pelo sopro de Deus em suas duas palpitações finais
(Aleathia Drehmer)
stars churned to milky way moon drips silent
estrelas se apressam rumo à via láctea a lua pinga silêncios
(Maryse Dumas)
liquid night the star tide washes into morning
Noite líquida A maré de estrelas lava Até a manhã
(Jim Benz)
Decúbito frontal ao som da noite Olhos abertos, atentos, estrelas Olhos fechados, seu cheiro, loucura
Departing to the sound of night Eyes open, watchful, stars Eyes closed, your smell, madness
(Marcela Ohana)
manto negro, o palco abre-se pássaro na dança da Vênus serpente de turbulentos pensamentos
black shroud, the stage opens Bird in the dance of Venus Snake of turbulent thoughts
(Ines Lempek)
Lua, estrelas – místicos raios de luz no escuro azul.
Moon, stars – mystical light rays in dark blue
(Betty Vern)
estrelas salvam os olhos do invisível
star rescue the eyes on invisible
(Dade Amorim)
Corpos emplumados Águias, pumas e serpentes Procuram Montezuma
Feathered bodies Eagles, cougars and snakes Seek Montezuma
( Neuzza Pinhero)
maio 17, 2010
Oito batons – Pintura de Wayne Thiebaud
Para todos os sabores Que moveram nosso amor A provar com ternura
To all those flavours That encouraged our love To taste with kindness
(Beto Palaio)
this honey on lips runs slow, an earth on axis that soon comes again
Este mel nos lábios A durar lento, uma terra a girar Que retorna sempre de novo
(Aleathia Drehmer)
romã pitanga morango maçã bombom cereja quando a noite chegar
pomegranate apple strawberry sweet cherry bonbon when the night come
(Nydia Bonetti)
mango butter cherry cream smears of lipstick
manteiga de manga creme de cereja manchas de batom
(Maryse Dumas)
A succulent duo. A toast to you both and The tastes of love.
Um duo suculento. Um brinde para ambos e Os sabores do amor.
(Jodi MacArthur)
o calor dos lábios envolto em contornos cores e sabores revela todo o sabor do pecado
the heat of the lips wrapped in outline colors and flavors reveals the full flavor of sin
(Daniela Baitala K)
Breu azul. Noite sem fim. Teu adeus escarlate em meu Batom tão carmesim.
Deep blue. Endless night. Your crimson farewell in my lipstick so scarlet-bright .
(Lilly Falcão)
Adds flavor to taste Memory trigger too, be Aroma or stench
Some sabor ao gosto No gatilho da memória, existe Aroma ou fetidez
(Kristin Fouquet)
batom vermelho vinte e quatro horas fogo na boca
red lipstick twenty-for hours mouth in fire
(Paula Cajaty)
Você por um quis por um beijo fugaz sabor de anis
you for a want for a fleeting kiss anise flavor
(Ines Lempek)
entre um beijo e outro o gosto dos morangos maduros das frutas doces
in the middle of kisses taste of ripe strawberry sweetness of fruits
(Líria Porto)
Morangos, poesia e beijos preenchem maravilhosamente uma boca sedenta
Strawberries, poetry and kisses wonderfully fulfilling a hungry mouth
( Luzzsh)
Gosto de maçã Na boca do desejo Lambeu o batom
The apple’s taste In the mouth of desire Licked the lipstick
( Betty Vern)
De repente, no almoço, Beijinhos na varanda Sobre a rua abandonada.
Suddenly at lunch Kisses on the balcony Over a lonely street
(Marilia Kubota)
vivo a vertigem de ser ave no avesso de um verso eterno
I live the vertigo of being a bird on the inside out of an eternal verse
( Renata Pagliarussi)
beijinho amargo, bombom beijinho sem gosto, balinha beijinho sem cor, batom
for bitter kiss, bonbon tasteless kiss, candy kiss with no color, lipstick
(Marcela Ohana)
maio 16, 2010
A pensadora – Escultura inacabada de Auguste Rodin (Modelo: Camille Claudel)
A small infinite Drops down inside A bulky empty jar
Tão precário infinito A escorrer para dentro Do imenso jarro vazio
(Beto Palaio)
maio 09, 2010
O romance do Pavão Misterioso
1 Eu vou contar uma história De um pavão misterioso Que levantou vôo na Grécia Com um rapaz corajoso Raptando uma condessa Filha de um conde orgulhoso.
2 Residia na Turquia Um viúvo capitalista Pai de dois filhos solteiros O mais velho João Batista Então o filho mais novo Se chamava Evangelista.
3 O velho turco era dono Duma fábrica de tecidos Com largas propriedades Dinheiro e bens possuídos Deu de herança a seus filhos Porque eram bem unidos.
4 Depois que o velho morreu Fizeram combinação Porque o tal João Batista Concordou com o seu irmão E foram negociar Na mais perfeita união.
5 Um dia João Batista Pensou pela vaidade E disse a Evangelista: - Meu mano eu tenho vontade de visitar o estrangeiro se não te deixar saudade.
6 - Olha que nossa riqueza se acha muito aumentada e dessa nossa fortuna ainda não gozei nada portanto convém qu'eu passe um ano em terra afastada.
Através do noticiário da TV era impossível deixar de se assustar. Divulgava-se ali algo estarrecedor sobre um maníaco que assaltava e assassinava mulheres e moças de família. Alice estava atenta aos alardes eletrônicos a respeito deste maníaco que atacava nas redondezas de seu bairro. As notícias asseguravam que ele matava, e depois, estuprava. Evidente que ela não se sentia segura nem dentro de casa, muito menos em sair à passeio por aí.
- Até os ferrolhos das janelas eu confiro todas as noites para saber se as fechei direito... Me dá calafrios só de pensar neste crápula...
Na realidade, Alice se sentia a próxima vitima. Ouvindo às noticias, ela praticamente se via nuazinha, à disposição do facínora. Via-se deflorada e tendo seu corpo de morta ultrajado pelo bandido. Isto ela imaginava fielmente porque ouviu na TV que o serial killer era metódico. Inclusive, de acordo com uma fonte da polícia, os exames indicavam que ele até tornava a vestir as mulheres depois da violência sexual. Alice não quer mais sair na rua sozinha. Ela tem medo de tudo. O próprio carteiro lhe inspira veladas desconfianças. É um homem abrutalhado que olha fixamente para ela enquanto lhe entrega as correspondências. O outro que ela desconfia é um caixa do supermercado local. Este indivíduo, com aparência de um estivador das docas, olha para ela com avidez, diretamente para suas pernas, e depois para seus seios, num perscrutar que a deixava invadida. Este homem desequilibrado a mirava despudoradamente e somente depois se propunha, não sem resmungos, a lhe entregar o troco correspondente à compra do mês.
- Será que é ele?
(Um trecho de conto do meu livro Caché Incluso)
maio 03, 2010
Desenho de Michelângelo
NO VATICANO
Raffaello em peito nu. Depois a Praça de São Pedro, aos pombos, vazia. Soluços sussurrados. A safada. Calcule o escândalo. Sem traçar uma linha em latim. A senhorita maluquinha. Para a necrópole de um dia apenas. Surgiu insaciável.
Vai Cérberus. Ao tempo o filme de prazer se escusa. Ela esperava o pás de deux para irmos copular. À francesa. Como cruzados convictos. Bandearam-se os atores, A comer pizza mozzarella com champignon e azeite italiano. Pode até ser lei na Antuérpia. Onde azulejam obras de Magritte. Aqui, no entanto, la nave va em meio à santidades. Inclusive, Possuíamos um ângulo, muito breve, do futuro transparente, Ela preferia a roupa com amaciante, um piso bem encerado E dos préstimos de uma tia que transatlanticou Algo aconteceu meses atrás, com a tia imitando o Planeta Terra Como se a Madama Rocambola também quisesse abdicar Dos movimentos de rotação e translação. Já imaginou se Madama Rocambola desiste de seu rebolado?
Deus desnuda-se na casa paroquial Os lábios que sorveram a hóstia fremem numa oração O perfume das orquídeas, sobre a cidade, adornam o Animal Planet E, num afã, um tempo sem afrescos segue o andor Num pequeno vapor que descobriu calvas nas serranias E você tendo de posar para comerciais de enxovais de bebês?
Apenas uma implicação com o abismo das serras. Pois precipício tipo lapa é da alma de cada um. Beiramarávamos o sol nascente desde a Avenida Atlântica. A Cinderela achou de fazer um boquete justo no túnel velho. A idéia é um casamento consagrado nos dentes de uma pianista. E o que se tocava, de passagem, muito lento, muito rápido Era como um ninho de talheres farfalhando num gaveteiro Chegamos afinal. E como meus vizinhos foram para a Espanha, Fizemos amor no hall de entrada deles. Mas ninguém tirou a roupa. Só mascamos chicletes e demos uma cochilada. Depois fomos embora. Apalpar os fofos em outro lugar.
- Veja amor, todo coelho gordo é mal amado. A coroa do sol já havia adormecido. E para ela o sol continuou a brilhar em seu vôo noturno, Dizer o que? Ela, nada, nuance, tudo. Sempre em exagero. Eu desejava secretamente suas eternidades Onde está a chave, amor? No sapatinho? O príncipe, dono de seu coração, era outro e eu não sabia. Mas sou de momentos concordantes na dita paz universal. Incompatível com um rasto de luz lilás na pele sem juízo dela. Sombras plagiam sombras. Logo Agnolo, Carruci e outros calabrêses Pularam o muro. E nos mármores das catacumbas se viam sombras.
E ela pergunta, coca? Papelote? Quer um, amore? Porção terreiros brasílicos no pó da praia, alhures. Tão linda, Tão egípcia. Tinha algo de uma Gabriela dos livros santificados. Claro que avó, bisavó e tataravó. Agora pobretãs e mendigas, Súbito, despertaram para voltarem a ser ela mesma. Ao longe silhuetas de guindastes negros ocupam-se das docas. O luminoso do Motel Giovanni ainda piscava seus néons. Duas pombas brancas se repetiam perfeitamente numa poça d’água. O tesão é qualcosa di te que surge aristocrático aos que nunca trepam. O incesto, a gaiola, o lamber e os retorcidos frontispícios do Vaticano. Ela então me ofereceu o colo, com esmero, mas sem amor. E o Rei continuou roendo Mondrians lá fora. Com a realidade a esculpir cavalos sólidos. E a púbis dela cresceu para aninhar aguardentes. Navegantes náufragos da mansidão. - Ragazzina, você não achou as minhas abotoaduras na Jacuzzi?