junho 06, 2014


ABÃNEEGA PITUBA XERÉM, DISSE COBRA NORATO

(Parte 4)


De saia branca costumeira, Miss Toranja viajou sob o sol que parou para olhar. Tatibitates de bronzeados para ela. Com seu jeitinho tão faceiro. Ela fugiu do mole da ostra de Brasília. No entanto a atmosfera de Belém do Pará estava mais para enxaquecas. Num borogodó de cinzeiro lotado. Mistura fina hollywood minister. Cigarreiras chiavam no peito de Tengo-Tengo. Ele tinha deixado de fumar em Itaboraí. Pegou de novo o maldito vício em Belo Horizonte. Mas ele é um hombre sincero de donde cresce la palma. Neste lugar de origem humilde. Pernaltas movem-se devagar, miritis abrem os grandes leques preguiçosos, e sapos coaxam com vigor. À cá. Guantanameras choram do fastio de uma amarração de piaçavas sem limites. Lânguidas e produzidas elas vestem prados. Às aquarelas de verdes claros e de carmins afogueados. Ao desabar a chuva tropical, Chico Pedro, o vento, cantou nas quilhas dos barcos de pesca. Norato atola-se em um lero-lero de lama governamental, de onde sai sem um pingo de lodo no seu terno branco. Em Maio, mês das noivas, lindo é o sol a raiar, à noitinha o canto mavioso dos uirapurus. Foi quando para Cobra Norato surge a luxuosa ajuda de um irrequieto tamanduá-bandeira, o qual ele logo transforma em Tengo-Tengo, aquele que depois se tornará o seu melhor companheiro de viagem. Suprime-se um perdôo de descansar. Ambos, Norato e Tengo-Tengo, tomaram um ita no norte. Rumo pernambuco, rio, bahia.  Depois aportaram em Recife. Indo, navegando e temperando, Rio Jaguaribe adentro. Quem te pintou, mar no perder-se vai, invernos das sístoles na hemoglobina, esse é todo plasma de tudo, o que o Jaguaribe pode ser. Nesta terra de sobejos, ambos se eternizam na coronelança. Sobre toda casa grande e senzalas Cobra Norato aprecia bolo de rolo. Tal o afamado mineirinho. Come quieto duas ou três negrinhas da cozinha da casa grande. Tempo de fincar raízes. Cinco agentes do fisco comungam com animais que ali pastam. O branco e o negro a trabalhar e o dono, senhor de tudo, sentado mandando dar chibatadas. Finalmente. Orelhas em prontidão. Quando o bufo do freio do Mercedão chama pelos ornamentados. Norato e Tengo-Tengo estão doidos de dar com o nó dos dedos na madeira. Hoje o coração ardente pede por aguardente. Tatu na embalagem de Tatuzinho sorri da felicidade distribuída em silêncio nos bares e botecos espalhados de norte a sul do Brasil. Um corsário parte de Pernambuco rumo ao miolo do sertão de Ingazeira, acolá a esperar, areia grossa e areia fina. Assim que o ônibus da Cometa parte definitivamente para o interior abafado da caatinga, a noite já está—dis is forr-ó féla?—flechando em direção ao Oeste enquanto, dentro daquele ônibus, tal sal no saleiro, estão Cobra Norato e Tengo-Tengo.



Beto Palaio


Edição em 5 partes.

Nenhum comentário: